domingo, 26 de setembro de 2010

Sol Poente


 Subia os degraus do Forte, do Forte de Santa Catarina. Olhando para o lado esquerdo vi um enorme balão de fogo que procurava esconder-se atrás do casario da cidade. Recuei descendo dois degraus para poder admirar o lindo pôr-do-sol no mar. O balão rotundo, cheio dum amarelo avermelhado, ia pousar no mar, um mar brilhante que encandeava, apesar dos óculos escuros. Era tal a beleza que tinha dificuldade em desviar os olhos! Quando os desviei já o Sol tinha começado a mergulhar no horizonte e a sombra suave e persistente a envolver o mar, a praia, as casas… Um sentimento de profunda quietude envolvia-me também.
- Vamos ficar aqui? – Perguntou o meu neto, que subiu e desceu a escada não sei quantas vezes.
A magia do momento terminou.
- Não Tiago, vamos embora.

Esta visão desde sempre me tem encantado. Já admirava este pôr-do-sol quando as minhas filhas eram crianças.
Em Setembro íamos para o Algarve. Era o tempo das férias, da liberdade sem horários.
À tardinha descíamos invariavelmente a escadaria de pedra tosca do Forte.
Parávamos no primeiro miradouro ainda quente. Respirávamos a brisa que se levantava do belo mar, azul, imenso, poderoso – momentos inesquecíveis!
O pontão com o seu farol era um apelo!
Depois, o segundo lance de escadas levava-nos para o lado do Arade, que se mostrava manso, com uma ligeira ondulação na água, provocada pelos pequenos barcos a deslizar elegantes e coloridos.
Descendo os restantes degraus atingíamos o cais com o pontão diante de nós e no final o farol. Nem olhávamos para a praia. Seguíamos pontão fora com as ondas a bater dum e doutro lado, elevando-se a água feita espuma a inundar o quebra-mar. A sensação das gotículas salgadas nas faces fazia-nos acelerar o passo.
Assim chegávamos ao farol!
Aí, já só tínhamos o mar diante… O mesmo Atlântico que empolgou o Infante!

Maria da Fonseca

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