sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Recordação de Velm - Áustria




              
Quatro horas da manhã,
Já em Velm o Sol nasceu,
O cortinado vermelho
Agradou-se e não 'scondeu.


A luz coada p'la teia
Entrou na vetusta sala.
As memórias de família
Raiadas de tons opala.


Afastei o cortinado.
A seara ondulava
Em movimentos suaves.
Uma nuvem o céu forrava.


A minha irmã me chamou
- Como é cedo! Vem dormir.
- Ouço os ruídos do campo,
Como vou eu conseguir?


Escuto a água da rega,
'Stá distante a alvorada,
Imagino cada flor
A abrir-se, encantada!


Ao longe vislumbro ainda
A cultura de um cereal,
Não dourado como o trigo,
Todo verde por igual.


Quero encontrar o melro
Que ontem 'stava no jardim.
Deste lado não o vejo,
Poderá cantar pra mim?!


Deleita os olhos e a alma
Esta seara dourada
Bailando ao sabor do vento.
Quero ficar acordada!

Maria da Fonseca


2 comentários:

  1. Linda, maravilhosa poesia! Eu, que sou dorminhoca, também quero estar acordada em Velm, às quatro da manhã, a ver o trigo "bailando ao sabor do vento"! Mil beijos, Ilona

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  2. Pois imagino como foi bom para a amiga estar
    acordada em Velm às quatro da manhã, e como
    construiu esta tão maravilhosa poesia para
    registar esse momento único.
    Beijinhos.Irene

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