Quatro horas da manhã,
Já em Velm o Sol nasceu,
O cortinado vermelho
Agradou-se e não 'scondeu.
A luz coada p'la teia
Entrou na vetusta sala.
As memórias de família
Raiadas de tons opala.
Afastei o cortinado.
A seara ondulava
Em movimentos suaves.
Uma nuvem o céu forrava.
A minha irmã me chamou
- Como é cedo! Vem dormir.
- Ouço os ruídos do campo,
Como vou eu conseguir?
Escuto a água da rega,
'Stá distante a alvorada,
Imagino cada flor
A abrir-se, encantada!
Ao longe vislumbro ainda
A cultura de um cereal,
Não dourado como o trigo,
Todo verde por igual.
Quero encontrar o melro
Que ontem 'stava no jardim.
Deste lado não o vejo,
Poderá cantar pra mim?!
Deleita os olhos e a alma
Esta seara dourada
Bailando ao sabor do vento.
Quero ficar acordada!
Maria da Fonseca
Linda, maravilhosa poesia! Eu, que sou dorminhoca, também quero estar acordada em Velm, às quatro da manhã, a ver o trigo "bailando ao sabor do vento"! Mil beijos, Ilona
ResponderEliminarPois imagino como foi bom para a amiga estar
ResponderEliminaracordada em Velm às quatro da manhã, e como
construiu esta tão maravilhosa poesia para
registar esse momento único.
Beijinhos.Irene