Depois da chuva, eu seguia
Apressada, saltitante.
Levava também receio
Da tempestade distante.
Porém, como por encanto,
Ergueu-se no espaço a voz
De uma estranha mulher,
Cantando pra todas nós.
Uma bela melodia
Soava no ar lavado.
Era apelo dolorido
Dum coração magoado.
“ Dê-me trabalho, Senhora,
Que eu não quero roubar…
Tenha dó desta infeliz,
Preciso de trabalhar.”
Dotada de dom sem preço,
Encheu de magia a praça,
Provando assim possuir
Algo mais do que a desgraça.
À procura de moeda,
Eu, no bolso remexi,
De muito menor valor
Que o momento que vivi.
Ao passar pela mulher,
Estendi-lha, envergonhada,
A magia da canção
A perder-se, perturbada…
Maria da Fonseca
Olá, Maria da Fonseca!
ResponderEliminarNeste país sofrido,a vida triste de alguns cada mais nos confrange - e nem toda a doçura do poema a consegue tornar menos amarga...
Abraço amigo; bom fim de semana.
Vitor
Pois é amiga, seria bem melhor que não houvesse
ResponderEliminarnecessidade de escrever este poema, infelizmente
é uma real acentuada dia a dia. Beijinhos
Irene Alves