Depois desta chuva, amor,
Eu quero ver minhas flores,
E os pássaros meus vizinhos,
Se sentiram meus temores.
A magnólia 'stá florida
Cheia de gotas pousadas
Nas pétalas cor de rosa,
Com outras no chão 'spalhadas.
Deslumbra pois quem a vê
No recanto do jardim,
Preciosa, encantadora,
Gostamos de a ver assim.
Outras flores que eu julguei
Desfeitas p´lo vendaval
Erguem-se lindas, louvando
A chuva essencial.
E já o melro se afoita
Na relva verde, lavada,
A procurar o sustento
Picando a terra molhada.
E o Sol a romper as nuvens
A ajudar na Criação.
Vamos embora, amor,
Deus não os esqueceu, não!
Maria da Fonseca
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