O VÔO
I
Esta ventania nem parece do Outono,
Tão límpida e viva, que é.
Voam as pétalas como asas de papoilas,
Voam as verdes folhas e os olhares de face em face.
Voa a intenção, o beijo e o desejo,
Em pleno rodopio,
Ninguém sabe onde irão pousar.
Uma leveza rápida, uma risada,
A natureza e o presente, em pleno movimento.
II
Mas, de repente, levanta-se a poeira,
fechamos os olhos, perdemos o horizonte,
é difícil respirar.
Da serenidade, fez-se a tormenta,
Da terra mãe, fez-se o abismo.
Sem norte ou sul, para orientar,
Paramos na voragem da tempestade perfeita,
Ancorados na certeza de não termos para onde ir,
Ali ficamos, à espera do futuro.
III
Acordamos, com o sol.
Não há vento, e no chão, uma mistura
De pó e pétalas, vermelhas como chamas,
Como asas de papoilas.
Vemos também vários pássaros,
Que descansam ao nosso lado.
Também eles
Reúnem forças, para recomeçar a voar.
Maria João Costa
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