Retrato de Antero de Quental
Biblioteca BE/CRE de Celorico de Basto
“Sonho-me às vezes rei nalguma ilha”.
Se o poema me dá tanto prazer,
Meu coração não deixa de doer
Com a saudade imensa duma filha.
Recitavas pra mim, que maravilha
Dares-me assim Antero a conhecer.
Jamais eu deixaria de reter
As emoções vividas em partilha.
Vibro de novo, ao escutar agora
Versos que te ouvi declamar outrora
E que eu mantive n’alma adormecidos.
Afasto-me daqui por um momento
Até onde me leva o pensamento
E é a tua voz que encanta os meus sentidos.
Maria da Fonseca
SONHO ORIENTAL
Antero de Quental
Sonho-me às vezes rei nalguma ilha,
Muito longe nos mares do Oriente,
Onde a noite é balsâmica e fulgente
E a lua cheia sobre as águas brilha...
O aroma da magnólia e da baunilha
Paira no ar diáfano e dormente...
Lambe a orla dos bosques, vagamente,
O mar com finas ondas de escumilha...
Paira no ar diáfano e dormente...
Lambe a orla dos bosques, vagamente,
O mar com finas ondas de escumilha...
E enquanto eu na varanda de marfim
Me encosto, absorto num cismar sem fim,
Tu, meu amor, divagas ao luar,
Me encosto, absorto num cismar sem fim,
Tu, meu amor, divagas ao luar,
Do profundo jardim pelas clareiras,
Ou descansas debaixo das palmeiras,
Tendo aos pés um leão familiar.
Ou descansas debaixo das palmeiras,
Tendo aos pés um leão familiar.
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