Artur Azevedo
(1885-1908)
À Minha Noiva
' Tu és flor; as tuas pétalas
orvalho lúbrico molha;
eu sou flor que se desfolha
no verde chão do jardim.'
Têm por moda agora os líricos
versos fazer neste estilo...
— Tu és isso, eu sou aquilo,
tu és assado, eu assim...
Às negaças deste gênero,
Carlotinha, não resisto:
vou dizer que tu és isto,
que aquilo sou vou dizer;
tu és um pé de camélia,
eu sou triste pé de alface,
tu és a aurora que nasce,
eu sou fogueira a morrer.
Tu és a vaga pacífica,
eu sou a onda encrespada,
tu és tudo, eu não sou nada,
nem por descuido doutor;
tu és de Deus uma lágrima,
eu sou de suor um pingo,
eu sou no amor o gardingo,
tu Hermengarda no amor.
Os fatos restabeleçam-se,
ó dona dos pés pequenos:
eu sou homem — nada menos,
tu és mulher — nada mais;
eu sou funcionário público,
tu minha esposa bem cedo,
eu sou Artur Azevedo,
tu és Carlota Morais.
TROVA
ResponderEliminarA noiva sempre é aquela
que vai nos fazer feliz,
entre todas a mais bela
e das flores o matiz...
Ialmar Pio - ver Google
eis
ResponderEliminarSONETO A ARTHUR AZEVEDO – In Memoriam – Nascimento do escritor em 7.7.1855
Ialmar Pio Schneider
Foi dramaturgo, poeta e contista,
com “Arrufos”, um soneto forte,
após desentender-se com a consorte,
fez uns ares de quem do amor desista...
Toma o chapéu e sai, sem que suporte,
fingir que não mais ama e se contrista,
mas algo o faz voltar e então persista
a manter a paixão até a morte...
Assim são os amores verdadeiros,
ao menos na aparência dos amantes,
que às vezes têm questiúnculas por nada...
E quando voltam ficam companheiros
para viverem todos os instantes,
seguindo adiante pela mesma estrada...
Porto Alegre – RS, 7 de julho de 2011-07-07
às 9h54min. – Tristeza.
http://www.sonetos.com.br/sonetos.php?n=18833
http://ialmar.blog.terra.com.br/
em 7.7.2011