Nicolau Tolentino de Almeida
(1741-1811)
Sátira aos Penteados Altos
Sátira aos Penteados Altos
Chaves na mão, melena desgrenhada,
Batendo o pé no chão, a mãe ordena
Que o furtado colchão fofo e de pena,
A filha o ponha ali, ou a criada.
A filha, moça esbelta e aperaltada,
Lhe diz co'a doce voz que o ar serena:
"Sumiu-se-lhe um colchão?! é forte pena;
Olhe não fique a casa arruinada.
"Tu respondes-me assim? Tu zombas disto?
Já cuidas que por ter pai embarcado,
Já a mãe não tem mãos?" E, dizendo isto,
Arremete-lhe à cara e ao penteado;
Eis senão quando (caso nunca visto!)
Sai-lhe o colchão de dentro do toucado.
Óptima lembrança, trazer-nos este poema do Nicolau Tolentino. Simplesmente delicioso! Bjos
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