sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Feliz Ano Novo





 Um feliz Ano Novo vos desejo
Amigos deste tempo de espantar
As bênçãos do Senhor eu vos almejo
Pra vossos sonhos lindos realizar


As condições do mundo desigual
 Dois mil e doze venha abrandar
E mostrar o que há de genial
No planeta azul espetacular


Alcançar nosso espaço maravilha
Querer das nossas gentes sem igual
Viver de todos nós nessa partilha
De elevar o bem e afastar o mal

Maria da Fonseca

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Fim de Ano



Soltam-se as folhas das árvores
Como pássaros voando.
Últimos dias do ano
Também céleres passando.


Assustam-nos co’as notícias,
Matam quem é nosso irmão!
Ano que vais terminar,
Partes nosso coração!


Que o teu sucessor, que chega,
Entre em paz, devagarinho,
Com a alegria inocente
De quem não sabe o caminho!


P’lo Senhor abençoado
Venha cheio de Harmonia,
Dois mil e doze querido
Com muito Amor e Poesia.


Que os homens façam as pazes,
As crianças tenham pão,
Os velhos tenham carinho,
Não voltemos atrás, não!

Maria da Fonseca

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

A João de Deus de Antero de Quental


Antero de Quental
(1842-1891)


A JOÃO DE DEUS



Se é lei, que rege o escuro pensamento,
Ser vã toda a pesquisa da verdade,
Em vez da luz achar a escuridade,
Ser uma queda nova cada invento:



É lei também, embora cru tormento,
Buscar, sempre buscar a claridade,
E só ter como certa realidade
O que nos mostra claro o entendimento.



O que há-de a alma escolher, em tanto engano?
Se uma hora crê de fé, logo duvida:
Se procura, só acha... o desatino!



Só Deus pode acudir em tanto dano:
Esperemos a luz de uma outra vida,
Seja a terra degredo, o céu destino.

Antero de Quental

sábado, 24 de dezembro de 2011

Véspera de Natal



Lindo este dia de Inverno!
De manhã o Sol nasceu
E, no solstício ainda,
Persistente apareceu.




Entre esparsas nuvens brancas,
Raios alegres, brilhantes,
A preparar o Natal
Presta ajuda aos viandantes.




Mas o dia é pequeno,
Longa será a jornada
Até chegar a Belém.
Maria já vai cansada!




A Família está à espera
Do Menino Anunciado
Que há-de nascer em breve,
O Filho de Deus Amado.




A vinte e quatro, em Dezembro,
Nossa Senhora s’rá Mãe,
É na Noite de Natal…
Já o Sol descansa…Amém!

Maria da Fonseca


sábado, 17 de dezembro de 2011

Traz a Paz ao Nosso Mundo




O Menino vai nascer
Da Virgem cheia de Graça,
Para o Mundo proteger.
A todos ama e abraça.



Debruça-te sobre nós,
Ó Menino encantador,
Roga a Deus com Tua voz,
Que pra sempre afaste a dor.



Pra salvar os irmãos Teus,
Nosso Pai Te enviou,
Mandou-Te descer dos Céus,
Teu Viver sacrificou.



Menino da Salvação
Fortalece nossa prece,
Que o Amor no coração
Pra todos seja benesse.



Traz a Paz ao nosso Mundo
Sem querelas, sem rancor,
Neste espírito profundo
Que é o de Deus Nosso Senhor.

Maria da Fonseca 



A todos os meus amigos desejo um Feliz e Santo Natal e um ano de 2012 cheio de prosperidade


sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Regresso de Miguel Torga


Miguel Torga
(1907-1995)


Regresso
 

Regresso às fragas de onde me roubaram.
Ah! Minha serra, minha dura infância!
Como os rijos carvalhos me acenaram,
Mal eu surgi, cansado, na distância!


Cantava cada fonte à sua porta:
O poeta voltou!
Atrás ia ficando a terra morta
Dos versos que o desterro esfarelou.


Depois o céu abriu-se num sorriso,
E eu deitei-me no colo dos penedos
A contar aventuras e segredos
Aos deuses do meu velho paraíso.

Miguel Torga

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Tradição de Natal




O meu Menino Jesus
Todos os anos chegava
Com as prendas que eu queria
Com o que mais desejava

 
Não havia de O amar
Pois se até me respondia
Em linda letra de forma
Escrevendo no outro dia


Como eu acreditava
Naquele Menino louro
Deitado sobre as palhinhas
Douradas como um tesouro


O Natal bem diferente
Nessa época passada
Era caseiro modesto
Dedicado à pequenada


Nosso Menino Jesus
Deixava na chaminé
Os brinquedos prá’s crianças
No sapatinho ou ao pé


Se na mente do petiz
Uma dúvida surgia
Sobre quem dava os presentes
Quem ‘xplicasse logo havia


- Não te iludas pequenino
Viste a Mãe limpar o lar
É Deus Menino que vem
Nessa noite pra ofertar


A tradição do Natal
Assim se foi transmitindo
Dos pais prò’s filhos pequenos
De grandes olhos sorrindo


Hoje é o Pai Natal que chega
Do frio cheio de presentes
Nosso espírito é o mesmo
Vê-los felizes contentes

Maria da Fonseca

sábado, 3 de dezembro de 2011

Pedra Filosofal de António Gedeão



António Gedeão
(1906-1997)


Pedra Filosofal


Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso
em serenos sobressaltos,
como estes pinheiros altos
que em verde e oiro se agitam,
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.


Eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma, é fermento,
bichinho álacre e sedento,
de focinho pontiagudo,
que fossa através de tudo
num perpétuo movimento.


Eles não sabem que o sonho
é tela, é cor, é pincel,
base, fuste, capitel,
arco em ogiva, vitral,
pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa-dos-ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é cabo da Boa Esperança,
ouro, canela, marfim,
florete de espadachim,
bastidor, passo de dança,
Colombina e Arlequim,
passarola voadora,
pára-raios, locomotiva,
barco de proa festiva,
alto-forno, geradora,
cisão do átomo, radar,
ultra-som, televisão,
desembarque em foguetão
na superfície lunar.


Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida,
que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.

António Gedeão


quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Os Pombos da Avenida


Num belo dia de Outono,
Descendo a linda Avenida,
Deparei com esta imagem,
Que me deixou comovida.


Os pombinhos saltitavam,
Alegres num grande afã,
À procura de alimento,
Nessa bonita manhã.



Encontrei um bebedouro,
Bem no meio do caminho,
Que mata a sede a quem passa,
Com leveza e com carinho.



Mas que faziam os pombos
Muito vivos e aos pulitos?
Bebiam no jato de água
Com seus nervosos biquitos.



E numa prece ao Bom Deus,
Agradeci, no momento,
O não haver exceções
Debaixo do firmamento.

Maria da Fonseca