quarta-feira, 23 de julho de 2014

Sobre uma Flor...

 
 
 


Não me parece viável
Colher a flor anilada,
Que permanece amável,
Suspensa de uma ramada.

 
Ao longe é como uma rosa,
Mas se a posso ver de perto
É ainda mais formosa,
Cacho de flores aberto.

 
Aplicá-la no poema
É pois despropositado,
Perder-se-ia o meu tema,
Antes de o ter terminado.

 
Em breve ela murcharia.
Dar-me-ia tal desgosto,
Que presto eu deixaria
De a cantar, a meu gosto.
 

Assim, ainda a verei
Enquanto o v'rão permitir,
Da janela a espreitarei
Entre irmãs a competir.
 
Maria da Fonseca


terça-feira, 15 de julho de 2014

Flores Silvestres

 
 

As florzinhas amarelas,
De corolas pequeninas,
Surgem na berma, singelas,
Alegres que nem meninas.

  
Outras de hastes flexíveis
Dançam ao sabor do vento,
Delicadas e sensíveis,
Apelam ao sentimento.

  
Há também as aniladas,
Nova pose, mais perfeitas,
Parecem até plantadas
Por jovens mãos escorreitas.

 
Na verdade são silvestres,
O Senhor, seu jardineiro,
Espalha as flores campestres
A enfeitar o mundo inteiro.

 
Enquanto O puder louvar
Pelos dons da Criação
Nunca O deixarei de amar
E rezar minha oração.
 
 
Assim ao subir a escada
A dar-me o vento no rosto,
Sinto-me mais animada,
P´la vida tenho mais gosto!
 
Maria Fonseca