terça-feira, 30 de julho de 2013

O Nosso Verão

 
 
 

Aí temos nosso v'rão
Aquele que é português,
Beija ao abrir da janela
A prometer ser cortês.
 
 
O azul dá gosto olhar,
O verde está mais feliz,
No meu sorriso, amor,
O quanto sempre te quis.
 
 
Os aloendros encantam
Belos, fartos e rosados
Ao longo da avenida,
Mas só eles são fadados.
 
 
Outras flores não se vêm,
O inverno não deixou,
Foi comprido, exagerado,
O verão não preparou.
 
 
Mas ele 'stá aí, louvado.
Os melros em sintonia
Cantam sagazes, contentes,
Na atmosfera em harmonia.
 
Maria da Fonseca


sexta-feira, 26 de julho de 2013

A Lenda de S. Vicente

 
 

Reza a lenda que Vicente,
Feito mártir em Valência,
Suas relíquias levaram
Com devoção e prudência.
 
Seu destino, a nossa costa,
O cabo a que deu o nome,
Nesse Algarve muçulmano,
Até hoje de renome.

 
Assim nosso Rei primeiro,
Logo que foi sabedor,
Mandou vir rumo a Lisboa,
O corpo do Protector.
 
Em toda a viagem, contam,
Steve o Santo acompanhado
Por negros corvos atentos,
Não saindo do seu lado.
 
E quando a barca ancorou,
Uma procissão ‘sperava,
Levando então S. Vicente
Para a Sé que o aguardava.
 
O filho de Henrique, Afonso,
Tomou-o como Patrono,
A quem dedicou Lisboa
Onde dorme eterno sono.
 
 
No distinto brasão de armas
Desta tão leal cidade
Vêm-se os corvos e a barca,
Símbolo da Cristandade.
 
Esta a lenda curiosa
Pra todo o sempre presente
Na nossa amada Lisboa.
- Os corvos e S. Vicente -
 
Maria da Fonseca


domingo, 21 de julho de 2013

Laranjeira do Jardim

 




Não é altura da poda
Laranjeira do jardim,
Este v'rão chegou mais tarde,
Verdes teus frutos mirim.

Só dois citrinos maduros
Redondos, alaranjados,
Mas 'inda botões a abrir
Que espero desabrochados.

E os pequeninos progridem
Com este calor que aperta,
Alguns a amarelecer
Enquanto outros desperta.

 
Não precisas muito d'água
Mas sim de Sol com fartura,
Pra me dares o prazer
De te admirar com ternura.

 
Virá a hora da poda,
Cortar os ramos inúteis
Prás forças recuperares
E tornar teus ramos úteis.

 
Espero que assim será,
Enfeites a natureza
A colorir o meu mundo,
Mostrando a tua lindeza.
 
Maria da Fonseca


terça-feira, 16 de julho de 2013

Recordação dos Pais

 
 
 

O que dizia o teu Pai,
O que o meu também dizia,
Cada vez mais recordamos
Na vida do dia a dia.

 
Quanto mais o tempo passa
Mais nos identificamos,
Compreendemos seus valores
Apesar de antigos ramos.

 
Seus sábios ensinamentos
Nossa mente não esqueceu,
Ajudaram com amor
Dês que a vida aconteceu.

 
Nossa saudade é imensa
Neste mundo tão diverso
Daquele que conheceram,
Por demais é controverso.

 
E na memória ressoam
Suas palavras prudentes
Que deixaremos aos nossos,
Seus diretos descendentes.
 
Maria da Fonseca


quinta-feira, 4 de julho de 2013

O Melro Canta Bonito

 
 
 
De plumagem toda negra,
E com seu bico amarelo,
o melro canta bonito
Nas ameias do Castelo.


Nesta época do ano,
Dedica a sua canção
A uma fogosa parceira,
Com alegria e paixão.


Logo que a vê, corre atrás
Procurando alcançá-la.
Suas perninhas velozes
Tentam em vão apanhá-la.


 
A fêmea levanta voo
E deixa triste o seu par.
A ingrata não foi sensível
Ao mavioso cantar!


 Maria da Fonseca