terça-feira, 26 de julho de 2011

Meu Mar


 
Procuro a inspiração
Para te cantar, meu mar.
Olho-te com afeição,
Anseio não te deixar.


És de um azul precioso,
Nem uma nuvem no céu.
Um veleiro valoroso
Passa ao largo do ilhéu.


Elegante a deslizar
Leva as velas enfunadas.
Soberbo, feliz no mar,
Fende as ondas prateadas.


Em curvas suaves planam
As gaivotas sem esforço,
Também contigo se irmanam
Vogando sobre o teu dorso.


E na arriba, além
'Stão os seus ninhos pousados,
Cada pai e cada mãe
Com seus filhos vigiados.


Quero reter esta imagem,
Ó meu mar, ó meu encanto,
Recordar a paisagem
Que inspirou este canto.

Maria da Fonseca

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Cerejas da Gardunha



A rolar entre pomares
Na quente Cova da Beira
Estávamos curiosos
Para ver a Cerejeira.


Encontrámo-la feliz,
Carregada de cerejas,
As folhas verdes dos ramos
Resguardando-as, benfazejas.


De seus pezinhos suspensas
Eram uma tentação,
Vermelhas e madurinhas,
Milagre da Criação!


Não pudemos resistir
A colhê-las, que pecado,
Do ramo encantador
Sobre o muro debruçado.


Lindas e doces cerejas
Saboreámos, meu Deus!
Logo pensámos trazê-las,
Mas nossas não eram, céus!


Presto saímos dali,
O Sol a pino escaldava,
E o impulso de as roubar
Mais ainda nos queimava.


E se as quisemos trazer
Tivemos que as comprar,
As cerejas da Gardunha
Gostosas ao regressar!

Maria da Fonseca



domingo, 10 de julho de 2011

O Mesmo Sorriso



Um sábado dos nossos finalmente
Em que existes apenas para mim!
Olhamos os lilases docemente,
Os que, mais belo, tornam o jardim.


Meu coração 'inda vibra fremente
Como no tempo em que, de carmesim
Meu rosto se cobria, de repente,
Turbado por me sorrires assim.


Andávamos felizes de mão dada
A ver o que of'recia a natureza.
Hoje ando em teu braço apoiada,


A admirar das flores, sua beleza,
Sentindo ainda a alma bem amada,
Quando o sorrir me ofertas com presteza.

Maria da Fonseca



sexta-feira, 1 de julho de 2011

Que Presente Apreciado!



 
Ameixoeira bendita
Mas que belos frutos dás!
Macios, doces, saborosos,
Do que meu Deus é capaz!


Agora ‘stão no cestinho
Já maduros, tentadores,
Como resistir-lhes posso,
Sendo assim prometedores.


São jóias da Natureza
Que a minha Amiga ofertou.
Outras pendentes do ramo,
O meu olhar alegrou!


Ameixas ‘scuras, vermelhas,
Redondinhas, sumarentas,
Da mão à boca num ai.
Pois se é assim que me tentas!


Com o cestinho vazio
Eu tas venho agradecer.
Se mais tiveres pra dar
Não as deixo apodrecer.

Maria da Fonseca