sexta-feira, 30 de setembro de 2011

A Flor da Laranjeira

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Primeiro dia de Outono!
Abriu a flor que esperava
Da pequena laranjeira,
Por que eu tanto ansiava.


Por entre as verdes folhas
Espreitava cada dia
Com precaução e carinho
Se algum botão surgia.


'Inda tem sete laranjas
A planta que, em Janeiro,
Nos deste com todo o amor,
Para plantar no canteiro.


Dourada p'lo Sol da tarde,
Regada com mil cuidados,
Encheu-se de lindos frutos,
Citrinos alaranjados.


Alegre, eu quero mais flores,
Há outros botões crescendo,
Desejo um Outono morno
Para que vão florescendo.


Espero que dê seus frutos
Para a todos encantar,
Quando os antigos caírem
E o frio 'stiver a chegar.


Será a vida normal
Desta mini-laranjeira,
Raiz, tronco, flor e fruto
Junto de nós, companheira!

Maria da Fonseca


domingo, 25 de setembro de 2011

Poesia do Mar

foto de Maria João Costa


O mar brilhava de encanto
Quando a brisa o afagava.
Em busca de novo canto
O Poeta o admirava.


Assim nascia o efeito
Quando a onda se formava,
O verso a rimar perfeito
Com a praia que esperava.


Outros depois se seguiam
Na linda tarde de V´rão,
As ondas se sucediam
A criar inspiração.


Forte primeiro e vibrante,
Das ondas, o marulhar,
Logo rápida, enleante,
Banhando a areia , a quebrar.


O poema ia surgindo
Ao sabor da ondulação,
A esquivar-se fugindo
Após a rebentação.


E o poeta agradado
Vive a emoção dos seus versos
Perante um mar encantado
De mil segredos imersos.

Maria da Fonseca

sábado, 24 de setembro de 2011

Outono


Primeiro dia de chuva
O tempo está a mudar.
O chão coberto de folhas
Já nos tem vindo a avisar.


Mui sequinhas e douradas,
Formavam tapete lindo.
O Verão foi muito quente,
O Outono será bem-vindo.


Algumas foram varridas.
E a relva assim descoberta,
Cheia de água e viçosa,
Sente-se agora liberta.


Do claro verde ao castanho,
Há todos os cambiantes.
Minha estação preferida,
Se tudo for como dantes!


- Dias límpidos sem mancha
De amena temperatura.
E quintais alaranjados,
Com matizes de verdura.

Maria da Fonseca

sábado, 17 de setembro de 2011

5º Aniversário da AVSPE






À Academia agradeço
Deste lado do Oceano
E com todo o meu apreço
Eu exalto o vosso plano.


Divulgar com todo o afecto
Nobre arte p´lo mundo além,
Tão magnífico projecto
Dedicado à língua mãe!


Vera musa inspiradora,
Como o Sol, nos faz crescer,
Sua digna Fundadora,
Generosa em bem-querer!


Cinco anos de missão
Celebra a Academia,
Cumprimento a Direcção
Que nobilita a Poesia.


Parabéns de Portugal
Que muito respeita e ama
Vossa obra especial.
Viva a AVSPE que proclama
Arte maior, genial!

Maria da Fonseca

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Dia de Calor


 

O calor silenciou
Este sábado tão quente!
Só a cigarra o quebrou
Com seu cantar insistente.




Ao longe latiu um cão
Que decerto se moveu.
Mas neste dia de V’rão
Nem uma folha mexeu.




As poucas aves que vejo
Buscam as sombras dos ramos.
Há outras que não versejo,
‘Stão quietas como estamos.




Os corpos pesam demais
O tempo custa a passar.
Pendem folhas nos quintais,
Não é hora de regar!




Este silêncio espesso
Prende os nossos movimentos
E o espírito mais travesso
Até esquece seus intentos.




Amanhã s’rá novo dia
De Verão e de calor.
Ao terminar a poesia
Rogo brandura ao Senhor!

Maria da Fonseca











domingo, 11 de setembro de 2011

No 11 de Setembro de 2001




E nesta confusão de sentimentos,
Que tão grande tragédia provocou,
Eu compreendo e sinto iguais tormentos.
Como o meu coração se revoltou!


Que os povos não comecem a matar,
Invocando as suas religiões.
Neste tempo, nem posso acreditar,
Quanta ira a levantar multidões!


Não é possível que em teu nome, ó Deus,
Tenham feito tão grande atrocidade!
Milhares de pessoas indefesas,


Perderam o seu último adeus!
Senhor, que a tua Paz, por piedade,
Evite o atear de mais tristezas.

Maria da Fonseca


sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Recordação de Velm - Áustria




              
Quatro horas da manhã,
Já em Velm o Sol nasceu,
O cortinado vermelho
Agradou-se e não 'scondeu.


A luz coada p'la teia
Entrou na vetusta sala.
As memórias de família
Raiadas de tons opala.


Afastei o cortinado.
A seara ondulava
Em movimentos suaves.
Uma nuvem o céu forrava.


A minha irmã me chamou
- Como é cedo! Vem dormir.
- Ouço os ruídos do campo,
Como vou eu conseguir?


Escuto a água da rega,
'Stá distante a alvorada,
Imagino cada flor
A abrir-se, encantada!


Ao longe vislumbro ainda
A cultura de um cereal,
Não dourado como o trigo,
Todo verde por igual.


Quero encontrar o melro
Que ontem 'stava no jardim.
Deste lado não o vejo,
Poderá cantar pra mim?!


Deleita os olhos e a alma
Esta seara dourada
Bailando ao sabor do vento.
Quero ficar acordada!

Maria da Fonseca