sexta-feira, 26 de novembro de 2010

A Gata Glamorosa




Ao soar da meia noite,
Passeiam pela viela,
Os gatos silenciosos,
Que deslizam com cautela.


A Lua tudo ilumina.
Por entre o lixo e a sucata,
Percebe-se 'inda o perfil
Da tão glamorosa gata.


Foram todos convidados
Para o seu baile anual.
E vão chegando um a um,
Nesta noite especial.


O ambiente tão triste
De degradada pobreza
Transforma-se por magia
Num cenário de beleza.


Dançam e cantam os gatos
Em ritmo enfeitiçado,
Recordando com ardor
Memórias do seu passado.


Primero lentos, arteiros,
A observar, sem ruído.
Depois correm e apanham
O rato desprevenido.


Não se arrependem sequer
Das antigas travessuras.
Nem da sua vida errante,
Com centenas de aventuras.


Uma gata vai-se embora.
Seu guia a ajudará
Com o saber dos seus anos.
Do mundo se elevará!


É Glamorosa que parte,
Com saudade da viela,
Onde tão feliz viveu,
Quando, aí, era a mais bela.


Rendida, alegre e ousada,
A gatinha muito amou.
Coração apaixonado,
O luar testemunhou.


Uma outra vida a espera,
Agora que envelheceu.
É próprio da natureza,
Tudo o que lhe aconteceu.


Assim, os da sua espécie
Escutam o adeus ardente
Da velha gata saudosa,
Na sua canção plangente.


A escada do paraíso,
Sobe de cabeça erguida.
Leva consigo a Memória
Dos amores da sua vida.

Maria da Fonseca

(como vi a ópera CATS de Andrew Lloyd Webber)

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