sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Canção Triste

 
 
 
 
 
Depois da chuva, eu seguia
Apressada, saltitante.
Levava também receio
Da tempestade distante.
 
Porém, como por encanto,
Ergueu-se no espaço a voz
De uma estranha mulher,
Cantando pra todas nós.
 
Uma bela melodia
Soava no ar lavado.
Era apelo dolorido
Dum coração magoado.
 
“ Dê-me trabalho, Senhora,
Que eu não quero roubar…
Tenha dó desta infeliz,
Preciso de trabalhar.”
 
Dotada de dom sem preço,
Encheu de magia a praça,
Provando assim possuir
Algo mais do que a desgraça.
 
À procura de moeda,
Eu, no bolso remexi,
De muito menor valor
Que o momento que vivi.
 
Ao passar pela mulher,
Estendi-lha, envergonhada,
A magia da canção
A perder-se, perturbada…
 
Maria da Fonseca


2 comentários:

  1. Olá, Maria da Fonseca!

    Neste país sofrido,a vida triste de alguns cada mais nos confrange - e nem toda a doçura do poema a consegue tornar menos amarga...

    Abraço amigo; bom fim de semana.
    Vitor

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  2. Pois é amiga, seria bem melhor que não houvesse
    necessidade de escrever este poema, infelizmente
    é uma real acentuada dia a dia. Beijinhos
    Irene Alves

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