terça-feira, 4 de outubro de 2011

Idílio de Antero de Quental



Antero de Quental
(1842-1891)
      

IDÍLIO

Quando nós vamos ambos, de mãos dadas,
Colher nos vales lírios e boninas,
E galgamos dum fôlego as colinas
Dos rocios da noite inda orvalhadas:



Ou, vendo o mar, das ermas cumeadas,
Contemplamos as nuvens vespertinas
Que parecem fantásticas ruínas
Ao longe, no horizonte, amontoadas:



Quantas vezes, de súbito, emudeces!
Não sei que luz no teu olhar flutua;
Sinto tremer-te a mão, e empalideces...



O vento e o mar murmuram orações,
E a poesia das cousas se insinua
Lenta e amorosa em nossos corações.


Antero de Quental

Sem comentários:

Enviar um comentário