sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Retalhos da Vida


Quadro de Claude Monet

Minha manta tem retalhos
Azuis, alegres, floridos,
Entre milhentos trabalhos
Pelo destino reunidos.



Os que foram mais pesados
Surgiram neutros, cinzentos.
Cosi-os mais espaçados,
Pressurosa, sem lamentos.



Se uma lágrima caía
Sobre um retalho da vida,
Minha agulha a compreendia,
Ao se afastar comovida.



E a manta com pontos lassos
Ficou mais fina, mais frágil.
Não pesa tanto nos braços,
Ainda me sinto ágil!



Agora vou-a alindando
Com linha feita de amor.
Nos negros eu vou bordando
Uma saudade, uma flor.



Quero levá-la comigo
Já esgaçada, sem surpresa.
O Senhor, meu grande Amigo,
Me perdoa, com certeza!

Maria da Fonseca

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